Entrevista: Christine M.

Donzelas: Qual é o seu quote preferido em “Sob a luz dos seus olhos”?

Christine: “Parecia fantasioso demais existir alguém no mundo capaz de te conhecer tão profundamente, que entende partes escondidas dentro de você que nunca ninguém sequer enxergou e que sente o que você julgou existir somente dentro de si. Nós tínhamos certeza da impossibilidade de existir algo como eu e ele. No entanto, estávamos ali sentindo o mundo girar devagar. Encontrar o verdadeiro amor pode ser assustador.” 

Donzelas: Você se inspirou em alguém para escrever sobre Elisa e Paul?

Christine: A inspiração vem da observação. Você ouve uma conversa, olha uma situação, assiste a um filme e ideias começam a surgir. Ainda assim, seria errado dizer que os personagens foram construídos tendo alguém real como modelo, pois a realidade é imensamente limitante. A parte mágica da ficção é ter liberdade para criar.

Donzelas: Quais características você compartilha com a Elisa?
Christine: Algumas pessoas dizem que temos coisas em comum, mas a verdade é que Elisa é muito melhor do que eu. Ela nasceu com algumas coisas minhas, como as impressões de viagem e a paixão pela escrita, mas é só isso. Depois, ela cria vida própria e traços de personalidade que pertencem somente a ela.

Donzelas: O que foi mais difícil, começar o livro ou termina-lo?
Christine: Terminá-lo. A dificuldade em colocar o fim se deu por dois motivos. O primeiro é o desejo de conseguir desenhar um final perfeito para encerrar meses de dedicação. Não é fácil decidir como terminar uma história. O segundo é a despedida. Após tanto tempo, era estranho pensar na minha vida sem Paul e Elisa.

Donzelas: Como é o seu processo de criação, você escreve quando tem inspiração ou segue horários determinados?
Christine: Inspiração é bom para você “encantar” o texto, ou seja, deixá-lo melhor, mais poético, mais ritmado. No entanto, escrever é mais técnica do que inspiração. Portanto, escrevo sempre que posso e quando minhas outras funções permitem. Não tenho um horário reservado para isso, mas estou sempre conectada com a história. Não há um dia que eu passe sem pensar no rumo que darei à trama que estou escrevendo no momento.

Donzelas: A resposta ao “Sob a luz dos seus olhos” foi como você esperava?
Christine: Foi muito melhor do que eu esperava. “Sob a luz dos seus olhos” foi o primeiro Romance que escrevi e eu consegui publicá-lo no mesmo ano de sua criação. Além disso, a maioria gosta, aprecia e classifica o livro entre bom e ótimo. Não importa o que aconteça no futuro, o saldo já é extremamente positivo, sobretudo para uma estreante.

Donzelas: Você teve muitas repostas negativas antes de conseguir publicar seu livro pela Underworld?
Christine: Não tive tempo de receber as respostas negativas, pois a Underworld demonstrou interesse em publicar o “Sob a luz dos seus olhos” no dia seguinte do envio. Três meses depois, o livro já estava sendo vendido. Parte sorte, parte mérito, mas o fato é que foi bem mais rápido do que imaginava.

Donzelas: Você tem algum trabalho que considere inacabado para ser exposto ao público?
Christine: Não tenho nenhum trabalho interrompido.

Donzelas: Você se considera uma Bookaholic? Quantos livros têm em casa?
Christine: Eu gosto de ler, é parte da minha vida. Adoro o objeto livro e nunca contei quantos tenho, mas, certamente, são mais de 100. Contudo, não me considero uma bookaholic. Não tenho metas de leitura e sou daquelas que precisa de tempo entre um livro e outro. Principalmente, porque escrever me traz a necessidade de ter um tempo para criar minhas próprias ideias, meus próprios pensamentos, conceitos e sensações.

Donzelas: Qual o seu atual livro de cabeceira?

Christine: Verdade e Existência, de Jean-Paul Sartre.

Donzelas: Você lembra qual foi o primeiro livro que leu? Tem um carinho especial por algum?
Christine: Não consigo me lembrar. Eu sofro da ilusão de que eu nasci lendo (risos). Eu tenho muitos livros que marcaram diversas fases da minha vida, mas não há nenhum que se destaque além dos outros. Eu vivo cada história que leio, umas me agradam mais, outras menos, mas considero todas como uma oportunidade de ampliar a minha vivência. Não tenho necessidade de julgar os livros que escolho como companhia.

Donzelas: Ser escritora no Brasil não é fácil. Você tem alguma dica pra quem quer seguir essa carreira?

Christine: É complicado dar dicas, pois há tantos caminhos a serem traçados, o meu é apenas uma opção e eu ainda o estou trilhando. Além disso, o que deu certo para mim nem sempre dará para outro e vice-versa. O que posso dizer é que nenhuma profissão é fácil, todas exigem empenho, determinação e estudo. Acredito que ser escritor de sucesso não seja mais difícil do que ser um professor ou um administrador bem sucedido.

Donzelas: Eu, Bianca, sou apaixonada pelo seu texto ‘Faz de Conta’. Você tem um apego especial por algum dos textos do seu blog?
Christine: Primeiramente, preciso agradecer por você ler meus rascunhos, sempre fico feliz ao saber que, a cada dia, recebo mais leitores no meu site.
Eu gosto muito desse texto também, assim como do “Um texto para viver”, “Gostar de gente”, “Qual o peso da saudade” e tantos outros. Tento aceitar meus trabalhos como eles são, pois a gente sempre pensa que pode melhorá-los e se não se controlar passa a vida inteira reescrevendo e revisando, exatamente por isso os chamo de “Rascunhos – porque nenhuma versão é a final”, nunca vai ser.
Eu aceito o fardo de que escrever é um exercício de humildade, pois é preciso conviver com o texto como ele é e ter noção de que ele foi o seu melhor naquele momento. O segredo é continuar produzindo e, de preferência, melhorando.

Donzelas: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Christine: Agradeço imensamente pelo espaço. A “Semana Christine M.” foi uma alegria para mim. Jamais me esquecerei de tanto carinho.

Obrigada por me ler. Sejam bons e felizes.

Beijos da “escrevedora”.